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INVESTIGAÇÕES ARQUEOBOTÂNICAS NA CERÂMICA PRÉ-HISTÓRICA DE ARARIPINA (PERNAMBUCO): APROXIMAÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS E PRIMEIROS RESULTADOS

Cláudia Alves de OLIVEIRA[1]
Aline Gonçalves de FREITAS[2]
José Sebastián CARRIÓN[3]
Santiago FERNÁNDEZ[4]
Fátima VALLE[5]
Alencar MIRANDA[6]
Gina Faraco BIANCHINI[7]
Caroline Fernandes CAROMANO[8]
Leandro Mathew CASCON[9]
Neuvânia Curty GUETTI[10]
Marcos ALBUQUERQUE[11]
Lucila Ester BORGES[12]


RESUMO

As pesquisas arqueológicas nos sítios da Chapada do Araripe buscam compreender os processos de ocupação, de adaptação e de subsistência dos antigos grupos ceramistas. Recentemente, foram incorporadas a estas pesquisas, técnicas de recuperação de resíduos químicos e biológicos procedentes da mandioca (Manihot esculenta), com a finalidade de inferir sobre o cultivo e manejo de vegetais, em contextos doméstico e funerário, ao largo da Pré-História. Os vestígios vegetais recuperados das cerâmicas ou dos sedimentos arqueológicos refletem dados culturais sobre antigos grupos humanos na região, incluindo seus modos de vida e morte, dieta, cultivo e manejo de plantas, uso e função das vasilhas cerâmicas, além de fornecer dados paleoecológicos e paleoambientais. Os primeiros resultados palinológicos da cerâmica pré-histórica do Sítio Aldeia do Baião sugerem um ambiente/ paisagem composto por vegetação arbórea (tipo Anacardiaceae) e herbácea (Amaranthaceae-Chenopodiaceae e Poaceae), sob influência flúvio-lacustre e/ ou solos bem drenados (Botryococcus). A presença de grãos de pólen de plantas cultivadas como o milho (cf. Zea mays?) e microfungos coprófilos (tipo Sporormiella, Gelasinospora e tipo Sordariaceae) sustentam a hipótese de assentamentos humanos de longa duração no local. O microfungo Gelasinospora também reflete o uso do fogo para as práticas agrícolas e caça.

PALAVRAS-CHAVE: Arqueobotânica, Palinologia Arqueológica, grupos ceramistas Pré-históricos

ABSTRACT

Archaeological research on sites from Chapada do Araripe aims to understand occupation, adaptations and subsistence processes of ancient pottery groups. Recently, recovery techniques of chemical and biological residues originated from manioc (Manihot esculenta) have been added to the ongoing research in order to assess the crop and management of plants in the domestic or burial contexts throughout pre-History. Recovered plant remains from pottery or archaeological sediments reflect cultural information about ancient human groups in the region, such as their ways of life and death, diet, agriculture and plant use, and functions and use of potteries vessels, besides providing paleoecological and paleoenvironmental data. The first palynological results from pre-historic pottery from Aldeia do Baião archaeological site suggest an environment/landscape composed by arboreal (Anacardiaceae) and herbaceous (Amaranthaceae-Chenopodiaceae and Poaceae) vegetation, with fluvial/lacustrine influence and well drained soils (Botryococcus). The presence of pollen grains from cultivars such as maize (cf. Zea mays) and coprophilous microfungi (e.g. Sporormiella, Gelasinospora, and Sordariaceae) supports the hypothesis of long term human settlements in the region. Gelasinospora fungus also suggests the use of fire on agriculture and hunting techniques.

KEYWORDS: Archaeobotany, Archaeological Palynology, prehistorical potteries societies

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Recebido em 09 de julho de 2015
Aprovado em 16 de julho de 2015




[1] Docente do Departamento de Arqueologia, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, Contatos: olivas@hotlink.com.br.
[2] Bolsista de Pós-Doutorado CAPES/Ciência Sem Fronteiras, Ministério da Educação do Brasil. Pesquisadora-Colaboradora do Departamento de Biologia Vegetal (Botânica), Faculdade de Biologia, Universidade de Murcia, Espanha, Contato: aline.goncalves@um.es
[3] Docente do Departamento de Biologia Vegetal (Botânica), Faculdade de Biologia, Universidade de Murcia, Espanha, Contato: carrion@um.es
[4] Pesquisador-Colaborador do Departamento de Biologia Vegetal (Botânica), Faculdade de Biologia, Universidade de Murcia, Espanha.
[5] Técnica-Colaboradora do Departamento de Biologia Vegetal (Botânica), Faculdade de Biologia, Universidade de Murcia, Espanha, Contato: fvb@um.es
[6] Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Departamento de Arqueologia, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, Contato: aneeka07@gmail.com
[7] Pesquisadora-Associada, Laboratório de Arqueologia Casa de Pedra, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, Contato: ginabianchini@ufrj.br
[8] Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Laboratório de Arqueologia dos Trópicos, Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade Federal de São Paulo, Brasil, Contatos: carolcaromano@gmail.com.
[9] Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Laboratório de Arqueologia dos Trópicos, Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade Federal de São Paulo, Brasil, Contatos: lmcascon@gmail.com
[10] Docente do Departamento de Arqueologia, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, Contatos: ghettister@gmail.com.
[11] Docente do Departamento de Arqueologia, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, Contatos: marcos@brasilarqueologico.com.br
[12] Docente do Departamento de Geologia, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, Contato: ester@ufpe.br